Onde há muito mais de nós mesmos...

Por Regiane Litzkow



Mais um dia..

Hoje estou particularmente triste, não quero escrever o motivo, coisa minha, bobagem..Aparentemente eu tenho tudo para estar muito feliz, mas acontece que no fundo há uma sensação ruim que tá me arruinando, é chato ter que fingir que tá tudo bem, quando na verdade o que existe é um nó na garganta, uma vontade louca de chorar feito criança, e de colocar a culpa disso tudo (que é minha) em alguém, mas em quem? Porque será que quando viramos adulto nós temos a mania de se fazer de forte?! Ficamos escondidos atrás de toda essa máscara mas eu me pergunto a troco de que? Afinal, só perdemos com isso, agora msmo por exemplo eu poderia estar deitada no colo de alguém querido, chorando convulsivamente, dizendo que queria morrer e esse alguém provavelmente me abraçaria, pediria calma e talvez até me fizesse um cafuné, mas não, eu não seria tão infantil, eu tenho q ser equilibrada, manter a postura...Que patético!!! Essa necessidade gritante de ser inatingível, ás vezes me faz rir de mim mesma e perceber o quanto sou PEQUENA.
Tem uma música do Raul Seixas,que meu pai ouvia sempre quando eu era criança que traduz bem esse meu humor:

"Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros Por mês
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73
Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco
É você se olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua
Cabeça animal
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está constribuindo com sua parte
Para o belo quadro social
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarda cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador..."






- Postado por: Regiane Litzkow às 01h26

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