Onde há muito mais de nós mesmos...

Por Regiane Litzkow



Angel...

Hoje depois de passar a noite em claro, levantei-me cedo p me preparar p voltar ao hospital, a chuva caía lá fora como um dilúvio, isso me deixava um pouco tensa, cheguei até pensar em cancelar a consulta, mas passei bastante mal ontem, hemorragias constantes e precisava mesmo ir. Mas confesso q deu um certo friozinho na barriga ao ter q percorrer mais de 40 km numa BR tão perigosa c aquela chuva. Entramos no carro e começamos descer a serra, a neblina não permitia ver um metro a nossa frente o que me deixava ainda mais inquieta, mas há uma certa altura o sol começou despontar entre as montanhas em meio a chuvinha fina q ainda caía, e de repente olha quem apareceu lindo e gigantesco; sim ele mesmo: Um belíssimo arco-íris!!! Há quantos anos eu não via um arco-íris!!! Fiquei estática olhando p aquela imagem tão sedutora, eu ia no banco traseiro, me virei p trás p ficar olhando e aos poucos a gente ia se distanciando, as sete cores iam ficando p trás até desaparecer por completo. E como um passe de mágicas aquele fenômeno da natureza me proporcionou uma serenidade indescritível. Depois já na cidade fiquei olhando o mar como de costume e entre uma imagem e outra eu ia viajando c meus pensamentos até a minha realidade me despertar; havíamos chegado a meu destino; o hospital...e durante a espera, eu vi algo q ainda agora passeia na minha mente sem parar, um garotinho liiiiiiiiiiiiindo que nem tão cedo vai sair do meu pensamento, ele bem miúdo, uns 4 a 5 aninhos, a pele negra e olhos tão vivos e doces como duas jabuticabas estupidamente maduras...A falta de cabelo provavelmente por causa da quimioterapia fazia aquela carequinha refletir como um espelho de tão lisinha... E o mais intrigante era o contraste de um ser tão frágil e indefeso, enfrentando o peso de uma doença tão avassaladora, brincar como se nada tivesse acontecendo, ele estava completamente entretido c um aviãozinho de plástico o que impedia q percebesse meu olhar consternado voltado unicamente p ele.

Minha timidez e medo de ser inconveniente não permitiram que chegasse até a mãe e perguntasse exatamente o q ele tinha, fiquei ali cerca de uns 15 minutos e aquela sala de espera nunca foi tão aconchegante como naqueles minutos...Mas enfim, minha vez; quimioterapia, soro e tudo mais e eu ainda anestesiada pelo tal menininho nem sofri como de costume. Quando me liberaram olhei p ver se o via pela última vez, mas ele já não estava mais lá, e desde então aquele olhar tão ingênuo, tão puro, fez morada aqui no meu coração...Que menininho era aquele? Eu não sei, só sei q de alguma forma Deus o usou p me passar segurança e mostrar q tudo é uma questão de como encaramos as coisas. Ah, a vida e todos os seus mistérios!!! Fascinante!!!

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