Onde há muito mais de nós mesmos...

Por Regiane Litzkow



De volta...


Há muito que não publico aqui meus pensamentos, é bem verdade que meu tempo na internet é bastante escasso, mal dá para eu olhar os recados e e-mails que carinhosamente recebo todos os dias, os quais gostaria muito de responder, porém, quase nunca isso é possível...

Minha vida tem seguido seu curso de modo mais sofrido e doloroso ultimamente, e a cada dia que passa mais convicta estou que fazemos parte de um grande plano, cujo não temos a menor dimensão de sua significância, é baseado nessa tese que procuro empregar todas as minhas forças, já que ela é a única explicação sensata que encontro para algumas fatalidades..Dessa forma vou desempenhando meu papel de coadjuvante nessa misteriosa trama chamada VIDA...

Hoje na volta do hospital, estacionamos o carro para comprar umas frutas, e eu permaneci deitada no banco traseiro, sussurrando impaciente por conta dessa dor que se instalou no meu estômago resolvi ajeitar o travesseiro e observei pelo vidro do carro respingado da chuva, que havíamos parado em frente uma sorveteria e lá se encontrava uma garotinha franzina que com uma voz aguda conversava freneticamente com um homem, dizendo:

" -Pai, eu quero de morango, de uva, de chocolate, baunilha..."

Coincidência ou não os dois vestiam camisetas vermelhas, e talvez esse detalhe tenha me despertado a curiosidade que me fez debruçar sobre o encosto do banco e ficar espreitando pai e filha...

O frio que fazia somado aos meus 39° graus de febre faziam aumentar o meu espanto diante a disposição e entusiasmo daquela garotinha...Foi aí que caí em mim que para criança não há tempo ruim, tudo é festa..Por alguns instantes senti o gosto amargo de ser adulto e vendo aquela menininha tão animada saindo de mãos dadas com seu pai, voltei no tempo e me lembrei de alguns momentos com o papai na minha infância, uma nostalgia sem fim tomou conta de mim e não pude conter as lágrimas..Meu Deus, como eu queria voltar a ser aquela menina desajeitada, de óculos fundo de garrafa de há 15 anos atrás, sem medos, sem preocupações, destemida por achar que seu pai era um herói imbatível e deslumbrada por estar passeando de mãos dadas com ele..Que saudade de ser essa menina que o tempo, as circunstâncias e o mundo fizeram morrer dentro de mim..Saudade da fantasia, da inocência, até mesmo da simplicidade quando vivíamos com bem menos recursos mas nos sentíamos mais realizados...

Sei que tudo isso deve estar soando com um ar de melancolia, sim admito! Aliás, esse é outro motivo que algumas vezes tem me feito relutar em escrever, não gosto de passar tristeza para as pessoas, fico pensando naqueles que porventura virem aqui em busca de palavras inspiradoras e se depararem com as lamúrias de alguém em conflito com a própria realidade.Por outro lado não quero ser uma farsa, e um blog é nada mais nada menos que um diário virtual, onde escrevemos o que de fato vivemos e sentimos...Esplêndido é a certeza de que esses sentimentos e situações não são eternos, e que nossa história é construída a cada instante, seja ele de deleite ou de dor, o importante é fazermos de cada experiência um aprendizado canalizando-o sempre em função do bem!

Dizem que para cada noite chuvosa há esperança de um lindo e ensolarado amanhã...E enquanto espero vou voando em pensamentos embalados pela doce lembrança da saltitante garotinha do sorvete que de mãozinhas dadas ao seu herói vai sumindo até se tornarem um só vulto vermelho e desaparecerem entre a chuva fininha que ainda agora continua a cair...

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