Eu vou me lembrar de você porque os dias azuis me trarão de volta o teu olhar, e eu repousarei nas tardes de domingo olhando para céu.
Eu vou me
lembrar porque no início das noites não sairá fumaça de sua chaminé, a luz
fraquinha da sua casa acenderá forte a saudade.
Vou lembrar
sempre que chegar do trabalho, subir as escadas escuras e não encontrar uma
sacola na maçaneta com algum agradinho singelo.
Eu vou me
lembrar toda vez que passar pela janela
da cozinha e não me deparar com a ternura dos seus acenos.
Vou me
lembrar porque você amava as cores vivas e os ipês ainda colorem os arredores.
Vou me
lembrar quando as crianças correrem brincando felizes aqui na rua, porque você
povoou este lugar e seus traços estão eternizados em cada uma delas.
Eu vou me
lembrar quando eu passar pelo portão e o vento tocar meu rosto, eu fecharei os
olhos e verei o seu semblante sereno, os seus gestos calmos e a sua fala branda
sempre no diminutivo; o “amorzinho” que nunca coube todo em você, escorria de
todos os seus lados. Escorrerá também pelos meus olhos, escorre já agora.
Eu vou me
lembrar de você mesmo que eu corra e me esconda na intimidade do meu quarto,
cada objeto ali tem uma história contigo, até a pintura da parede que fizemos
vai me convencer de que você estará lá comigo. Ao deitar, como de costume, irei
me cobrir com os cobertores que você fez sob medida para mim na sua máquina de
pedal, e isso há de me aquecer por fora e por dentro.
Eu vou me lembrar porque os teus medos tão ingênuos me fizeram a respeitar ainda mais, porque os conselhos que você me deu não vieram por fala, vieram através dos teus passos.
Eu vou me lembrar porque os teus medos tão ingênuos me fizeram a respeitar ainda mais, porque os conselhos que você me deu não vieram por fala, vieram através dos teus passos.
Eu vou me
lembrar de você porque a sua presença implica em tudo o que é feito de paz,
porque enquanto muitos lhe traziam flores, eu assisti uma reconciliação entre
dois olhares, em seguida, o abraço, os soluços, as vozes embargadas,
constrangidas pelo amor que você sempre semeou.
Vou me lembrar porque uma noite antes, eu fiz uma prece por você, embalada pelo refrão You can always come back home - Você pode sempre voltar pra casa – e adormeci. Mas, no outro dia, você não voltou para casa. Não voltou porque sequer saiu. Sua casa é a nossa memória viva a cada instante, sua sala de estar é o nosso coração. Eu vou me lembrar sempre porque não quero esquecer nunca. Pode ficar à vontade.
Vou me lembrar porque uma noite antes, eu fiz uma prece por você, embalada pelo refrão You can always come back home - Você pode sempre voltar pra casa – e adormeci. Mas, no outro dia, você não voltou para casa. Não voltou porque sequer saiu. Sua casa é a nossa memória viva a cada instante, sua sala de estar é o nosso coração. Eu vou me lembrar sempre porque não quero esquecer nunca. Pode ficar à vontade.