Onde há muito mais de nós mesmos...

Por Regiane Litzkow



Uma pausa...





Não digo infeliz, porque de fato não procede, mas ando num saudosismo absurdo, resultante da correria diária que não me permite tempo para meus velhos deleites... É, não sinto falta de alguém ou de outra época, não é este o caso. Na verdade me sinto escassa de mim mesma, daquilo que me compõe; ouvir meus velhos (e bons) CDs, ler um livro daqueles que saciam a alma, ver um filme inteligente, brincar despreocupadamente com meu Hamster... Ah!
Saudade também de quando eu tinha de me moderar pra não me exceder nos textos em que eu postava, quando a inspiração era tão gritante que eu me perdia na madrugada digitando horas á fio pra depois simplesmente não postar... De passear com o controle aleatoriamente pelos canais, e cochilar na hora da melhor entrevista...
Sim, saudade de todo esse tédio que de alguma forma sempre contribuiu para as minhas grandes descobertas... Da vidinha pacata que me é bem peculiar.
E foi quando eu voltava hoje do trabalho que me atentei para o fato: Sabe quando algo "bobo" te produz aquela sensação prazerosa sem explicação razoável?! Me vi assim; depois de tempos sem praticar, eu voltava para casa de bicicleta, o frio nada sutil que batia no meu rosto e todo aquele contexto, me induziu a reconhecer como eu gosto disso!
Como uma coisa puxa outra; antes mesmo de chegar em casa eu tinha uma lista de músicas na memória e desejava tanto ouví-las que subi as escadas apressadamente, como se eu não não tivesse livre acesso diário á elas... Nesse instante após rir da minha estupidez, comecei a pensar sobre tudo isso... É estranho essa nossa capacidade de nos afastar de nós mesmos!
Esses dias confidenciei para uma amiga que eu havia me tornado escrava do sistema, hoje pensando bem, me retifico: Ninguém é escravo de nenhum sistema sem antes ser escravo de si mesmo, de seus medos, suas contradições, vaidades, comodismo, enfim... Escravos de nossas escolhas, como se estas uma vez que tomadas, fossem obrigatoriamente padronizadas segundo o conceito coletivo, que nem nem é tão coletivo assim. Todavia, o lance atual é massificar e nós aderimos. Questionem comigo então nossa vida robótica, ao som do poeta que outrora constante se tornou esporádico aqui também...

DUE

2 comentários:

Anônimo disse...

linda, sempre!

Dennys Távora disse...

Regi querida, questionar a vida robótica é algo realmente bom para se fazer. Mais do que isso, no mundo de hoje, é algo necessário.
Quando bem jovens, temos de estudar para adquirir uma boa formação e, mais tarde, ter uma profissão. Formados, precisamos continuar a nos aperfeiçoar para alcançar um bom lugar no competitivo mercado de trabalho. Uma vez empregados, não podemos nos acomodar e precisamos nos aprimorar constantemente, senão nos tomam o lugar conquistado a tão duras penas.
É incrível isso! Parece que tudo, atualmente, é voltado para o trabalho e para a produção, como se esta fosse a razão da existência humana.
Fazer horas extras sem receber remuneração adicional virou obrigação em muitas empresas. Quem não as faz, é tido como descomprometido com os objetivos e metas de produção. Virou falta de comprometimento profissional valorizar o lazer, a convivência familiar e o repouso. Francamente, isso é absurdo! Produzir é importante para o país e o trabalho é bom para o homem, mas o bem mais valioso de qualquer país é a sua gente e o trabalho é apenas um meio de subsistência para o homem. A produção é o resultado do trabalho do homem, não a razão da sua existência. Afinal, não somos máquinas!
Beijo carinhoso.