Onde há muito mais de nós mesmos...

Por Regiane Litzkow



Do sentir...



Hoje, parei por alguns instantes para olhar o céu. Deixei o azul me invadir até preencher todo o vazio que sentia. Olhei ao redor e percebi que a vida ainda fluía por todos os lados. No verde das matas, no gato que se espreguiçava, no bebê que trocava seus primeiros passinhos arrancando orgulhosos sorrisos no casal que o acompanhava... Percebi que, por mais que meu espírito esteja abatido, a vida resiste, e suas belezas continuam ali latentes. Parece-me ser um modo de Deus nos dizer que está presente sempre. Uma amostra de que felicidade vai muito mais além do que o bem que esperamos para nós mesmos. Um sinal de que nossas angústias e perdas não podem nos governar ao ponto de roubar nossa sensibilidade e transformar-nos em seres indiferentes à ternura. Deixei o sol arder o meu rosto e, em meio à estas certezas, esbocei um sorriso com o olhar. Não porque parou de doer, mas pelo privilégio de passar pela dor sem perder a doçura da alma.

1 comentários:

Poeta da Colina disse...

Com o tempo toda dor fica em perspectiva, por mais que não cure.